Jogos de Tabuleiro estão entre os artefatos de lazer e entretenimento mais antigos do mundo, acompanhando o homem em sua evolução desdo tempo das cavernas até os dias de hoje.
Junto com o homem os jogos de tabuleiro evoluirão, mas como o próprio homem, mantendo sua excelência principal, a mecânica e a estratégia.
Embora algumas evoluções sejam quase óbvias, não se pode afirmar com total segurança que um jogo tenha evoluído para outro. Mas podemos por fatos históricos e ligações entre civilizações estar especulando uma possível evolução.
Pensando desta forma, podemo analisar jogos como Senet do antigo Egito encontrado seus tabuleiros em tumbas dos faraós sepultados por volta de 3500 anos antes de Cristo.
No decorrer da XII dinastia (1991 a 1783 a.C.), o jogo senet foi associado com uma fórmula mágica dos Textos dos Sarcófagos. O ritual dessa fórmula permitia ao morto alcançar renascimento espiritual na vida após a morte pela mobilidade do seu ba, ou seja, permitia que o ba circulasse livremente entre o céu e a terra. No início da XVIII dinastia (c. 1550 a.C.), aquela fórmula foi refeita como Capítulo 17 do Livro dos Mortos e o senet passou a ser regularmente associado a ela. É dessa época o tabuleiro desse jogo que vemos ao lado, numa foto do Canadian Museum of Civilization Corporation, e que pertenceu ao faraó Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.). Na XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.) foram incluídas regularmente cenas do jogo entre as figuras do Capítulo 17. Essa foi a primeira ligação clara entre o jogo e um ritual durante o qual o senet era jogado. O propósito deste ritual era facilitar a passagem do ba do celebrante, estivesse ele vivo ou morto, ou seja, tanto os vivos quanto os mortos poderiam usar a fórmula mágica e realizar o ritual jogando senet e disso se beneficiarem. Concomitantemente ao aparecimento do senet no Livro dos Mortos, a decoração dos cinco últimos quadrados do tabuleiro do jogo evoluiu de desenhos puramente seculares, tais como números e marcas de direção, para símbolos religiosos relacionados ao processo de ressurreição espiritual e renovação da vida após a morte.
Ludus Scriptorum duodecim, ou XII scripta, era um jogo de tabuleiro popular durante a época do Império Romano. O nome traduz como "jogo de doze marcas", provavelmente referindo-se aos três fileiras de 12 marcações de cada encontrados na maioria das placas de sobreviventes. O jogo tabula é pensado para ser um descendente deste jogo, e ambos são similares ao moderno gamão.
Tem sido especulado que XII Scripta está relacionado com o egípcio jogo Senet, mas alguns consideram este duvidoso, pois, com a exceção de semelhanças superficiais limitada entre a aparência das placas, e a utilização de dados, não há nenhuma evidência conhecida ligando os jogos. Outro fator lançando dúvidas sobre esta ligação é que a última placa senet clássica conhecida é mais de metade de um milênio mais velha do que a primeira placa scripta XII conhecido.
Foram os Romanos, entretanto, quem espalharam o jogo pela Europa - era então uma variação chamada Tabula, com os mesmos princípios mas com um tabuleiro diferente e com outro número de dados. O Gamão ainda usa seu nome romano em alguns lugares, como 'Tavli' na Grécia e 'Tavla' na Turquia. O jogo, ainda chamado de Tabula, mas já muito parecido com a variação moderna, continuou a se expandir pela Idade Média, chegando ao Norte da Europa e à Península Ibérica, e se tornou uma forma muito popular de apostas. Por volta do século XVII o jogo foi renomeado para Backgammon na Inglaterra.
O jogo cruzou o Atlântico e alcançou os EUA onde alcançaria sua forma atual na década de 1920 com a adição do cubo de aposta (e a variante 'chouette', que ganhou popularidade no século XX). Esta simples adição não apenas tornou as apostas mais interessantes como adicionou uma nova camada de estratégia ao jogo.
No Brasil, o gamão já era um jogo difundido antes das alterações americanas, e é comum que o joguem sem algumas destas adições – em especial o cubo de aposta. Por acreditarmos que as alterações são mínimas mas enriquecedoras, optamos por retratar a versão americana. Uma estória associada à criação do gamão conta que o rei indiano Dewisarm enviou um emissário ao rei persa Khosrow I com um exemplar do recém-criado jogo de xadrez, e desafiou o rei persa a decifrar o jogo. Ao terceiro dia um ministro persa chamado Wuzurgmihr solucionou o desafio e explicou a lógica do jogo. Ele então inventou o gamão e desafiou o rei indiano a decifrá-lo, o que ele não pôde fazer.
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