segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Jogo Real de UR - Relíquia do inicio das Civilizações

Quais as atividades que poderiam divertir tanto um sumério de 4 500 anos atrás como um cidadão dos nossos dias? Certamente várias. Mas uma delas, com certeza, seria uma partida do Jogo Real de Ur, um dos mais antigos de que se tem notícia. Entre 1922 e 1934, chefiando uma expedição organizada pelo Museu Britânico e pela Universidade da Pensivlânia, o arqueólogo inglês Sir Leonard Woolley trabalhou num local da Mesopotâmia que hoje faz parte do sul do Iraque. Ali, na região de Ur, suas escavações descobriram tumbas de membros da nobreza suméria, bem como de sacerdotes sacrificados no afã de aplacar a ira dos deuses.

Os nobres se faziam enterrar acompanhados de seus bens pessoais, o que incluía, é claro, seus servidores imediatos. No meio de diversos utensílios, como jóias, armas e instrumentos musicais, Sir Leonard encontrou alguns tabuleiros ricamente trabalhados em madeira, com incrustações em madrepérola e lápis-lazúli, que atestavam o elevado nível técnico do artesanato sumério. Os jogos eram uma companhia indispensável após a morte, já que se acreditava fossem parte integrante do divertimento no outro mundo. Diante do tamanho da eternidade, era bom que os jogos fossem interessantes; de outro modo, o resultado seria um tédio infinito. Nesse aspecto não se enganaram.

Antes de apresentar o jogo, é preciso esclarecer que não foi encontrado um importante componente – as regras. Tudo de que se dispõe são indícios que levam os especialistas a propor possíveis interpretações. Como ocorre com vários jogos muito antigos, não existe uma forma de praticar o Jogo Real de Ur, mas sim vários conjuntos de regras, coerentes internamente, mas com sérias diferenças entre si. A versão exposta em seguida, elaborada pelos cientistas do Museu Britânico, é particularmente interessante por ressaltar ainda mais a semelhança com um conhecidíssimo jogo – o gamão.

O Jogo Real de Ur é o jogo mais antigo encontrado em sets completos. Sua idade é estimada em 4500 anos. O jogo é originário da cidade-estado de Ur, capital do estado Sumério e cidade natal do personagem bíblico Abrão, que deu origem aos povos judeu e árabe.

Quatro tabuleiros foram escavados por Sir Leonard Wooley entre 1926 e 1927. Exemplares podem ser vistos no British Museum, em Londres. Os tabuleiros tinham 20 casas, sendo algumas marcadas com rosetas. Acompanhavam 14 peças, em 2 cores diferentes e seis lotes binários na forma de tetraedros (pirâmides de 4 lados).

Pode-se reconhecer o Jogo Real de Ur como um jogo de percurso da família do Gamão. Mas como acontece com outros jogos muito antigos que deixaram de ser jogados, não se conhece as regras exatas. O que há são tentativas de reconstituição que levam em conta registros escritos encontrados, figuras de pessoas jogando, e jogos aparentados.

Segundo uma dessas reconstituições, a movimentação era determinada pelos dados piramidais, com marcas em 2 dos 4 vértices. Podia cair virado para cima um vértice marcado ou um vértice sem marca. O jogador lançava 3 dados e, dependendo da combinação, avançava uma peça sua de um certo número de casas. Na faixa central do tabuleiro, as peças podiam ser capturadas. Para capturar uma peça adversária, bastava cair sobre ela.

As casas com rosetas traziam benefícios, como possivelmente a chance de jogar novamente, além de serem casas seguras, onde as peças não podiam ser capturadas.

As peças começavam do lado de fora e quando completavam o percurso eram novamente retiradas do tabuleiro. Vencia o primeiro que conseguisse fazer todas as suas peças atravessarem o tabuleiro. As casas de início eram as localizadas acima e abaixo da roseta central. As peças eram movidas na direção da roseta na extrema direita, passavam para a fileira central indo até a extrema esquerda e voltavam cada uma para o seu próprio campo, finalizando o circuito na casa com a última roseta.


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